Campo de Concentração de Mauthausen

O Campo de Concentração de Mauthausen situava-se na Áustria, numa colina sobranceira à cidade que deu nome ao campo. Localizava-se junto à margem esquerda do segundo rio mais longo da Europa, o Danúbio, a cerca de 20 km para leste da grande cidade industrial de Linz, e não muito distante de outra cidade importante no esforço de guerra e indelevelmente ligada à vida de Adolf Hitler: Steyr. O campo começou a ser construído formalmente no dia 8 de agosto de 1938, já depois do Anschluss (a anexação da Áustria pela Alemanha nazi, que tinha ocorrido a 12 de Março de 1938). Os trabalhos de edificação foram iniciados por um grupo de prisioneiros transferidos do campo de concentração de Dachau: o campo-modelo, aberto logo em 1933 pelos nazis, perto da cidade de Munique. Oswald Pohl foi o oficial da SS encarregado da instalação de um novo campo moderno, como os seus chefes superiores, Heinrich Himmler e Theodor Eicke, gostavam de sublinhar. Mauthausen seguiu a mesma linha estratégica de implementação de campos como Flossenbürg (instalado em maio de 1938) ou Ravensbrück (um ano depois). Mauthausen teve como principal objetivo explorar, com recurso ao trabalho escravo dos prisioneiros, as três pedreiras de granito existentes nos terrenos envolventes, que haviam sido previamente adquiridas por uma empresa da SS. A forma de aumentar a população de trabalhadores escravos em Mauthausen, e nos novos subcampos entretanto criados, foi o recurso a constantes rusgas policiais, que conduziam à prisão, deportação e internamento, indiscriminado, de milhares de pessoas. A partir de finais de 1942, quando a Alemanha se viu obrigada a intensificar o seu esforço de guerra, Mauthausen e os seus subcampos foram mobilizados para a indústria de armamento. Logo no início do seu estabelecimento como campo-pedreira, muitos prisioneiros foram transferidos de Buchenwald, pelo que se tornou, juntamente com Flossenbürg, no principal campo para criminosos, uma categoria que abarca uma miríade de casos. Mauthausen foi considerado, no sistema concentracionário e repressivo do III Reich, o paradigma por excelência do trabalho escravo. A sua população era quase exclusivamente constituída por homens, tanto mais que Ravensbrück assumiu, no período inicial de funcionamento de Mauthausen, a função de campo feminino. Entre 1944 e 1945, foram oficialmente registadas cerca de 3000 mulheres em Mauthausen, podendo ter atingido a cifra de 10 000. Segundo alguns autores, em julho de 1940, empregava quase 3600 prisioneiros e era considerado o mais mortífero dos campos de concentração. No início de 1942, era mesmo o maior campo, em número de prisioneiros, no interior do Grande Reich. A razão prende-se também com o facto de ter sido construído, no recinto, em outubro de 1941, à semelhança de outros campos, uma área especial para alojar prisioneiros de guerra do leste, que seriam utilizados como trabalhadores forçados. Nos anos que medeiam entre a criação do campo de Mauthausen, em 1938, e a sua libertação, em 1945, estima-se que tenham estado internados cerca de 190 000 prisioneiros. Calcula-se que tenham morrido mais de 90 000 internados, mas o número exato de vítimas, neste como em todos os outros campos, nunca será conhecido (para todos os campos seguem-se os números propostos por Waschmann). Em finais de 1943, Mauthausen e os seus subcampos tinham mais de 24 000 presos, aumentando para 30 000 em fevereiro de 1944. Precisamente um ano depois, em finais do mesmo m.s, no conjunto do complexo estavam internados 80 000 prisioneiros, número que foi crescendo . medida que outros campos situados a leste eram abandonados e os prisioneiros transferidos para Mauthausen. Quando os últimos guardas da SS abandonaram Mauthausen, nos primeiros dias de maio e nos últimos da guerra, deixaram neste campo e no subcampo de Gusen cerca de 38 000 internados. Para se ter uma ideia da dimensão dos níveis de mortalidade, refira-se que nenhum internado judeu, entre 1940 e 1943, em Gusen, sobreviveu, nem os cinco deportados portugueses. Isto ajuda-nos a entender a dificuldade da reconstituição de acontecimentos e cifras. Nos campos, os presos de todas as nacionalidades, origens e credos foram vítimas de doenças, maus-tratos, assassinatos, gaseamentos, experiências médicas, fome. Muitos procuraram fugir ou suicidaram-se. Em Mauthausen, foram ainda vítimas do trabalho extenuante na principal pedreira de granito anexa ao campo e ligada a este por uma longa e íngreme escadaria de 186 degraus anormalmente altos, que ficou tristemente conhecida como a “Escada da Morte”. (Todesstiege), pela qual os prisioneiros transportavam às costas, várias vezes por dia, em grupos compactos de centenas de homens, blocos de granito com mais de 50 kg. Muitos caíam e morriam esmagados pelas pedras ou eram sadicamente empurrados para o precipício da pedreira pelos guardas da SS, após terem terminado, extenuados, a subida da escadaria. A “Escada da Morte” tornou-se, assim, num símbolo indelével na História de Mauthausen e do trabalho escravo promovido em massa pelo III Reich. O contingente de internados espanhóis no início da II Guerra Mundial, e de italianos no final do conflito, era particularmente elevado em Mauthausen, cuja rede integrava cerca de 40 subcampos (o número foi variando ao longo da guerra), que com ele se articulavam diretamente. Segundo alguns autores, esta característica fez de Mauthausen o campo “latino” do sistema concentracionário nazi. Importa reter que, durante o conflito, os nazis deportaram para Mauthausen, entre outras nacionalidades, cerca de 7000 republicanos espanhóis, mais de metade dos quais não sobreviveu. A mensagem em língua espanhola, para além de russo e inglês, escrita em grandes letras numa faixa de pano branco, colocada sobre a entrada do campo pelos presos recém-libertados, imortalizada numa fotografia tirada provavelmente a 7 de maio de 1945, e que se tornou no símbolo da libertação de Mauthausen, prova a importância dos prisioneiros espanhóis, que se destacaram em número e no activismo de resistência. Tratou-se, no entanto, da recriação da entrada no campo dos soldados americanos. Mauthausen era um dos campos do sistema concentracionário nazi que se localizava mais a sul no território da Alemanha antes do início da guerra. Foi certamente devido à sua posição geográfica, e em face da estratégia militar “da tenaz” implementada no terreno pelos Aliados, que, conjuntamente com alguns dos seus campos satélites, foi o último campo de concentração a ser libertado.

Campo de Concentração de Dachau

Dachau foi o primeiro KL construído pelos nazis, a 15 km da cidade de Munique, numa fábrica de munições abandonada. Deveu-se ao então chefe da Polícia de Munique, Heinrich Himmler, e a Theodor Eicke a iniciativa e o projeto de construir um campo para internar os opositores políticos. Paulatinamente, outros grupos começaram igualmente a ser internados: Testemunhas de Jeová, membros da igreja católica, ciganos, intelectuais, homossexuais, autores de crimes civis e outros “antissociais”, além dos judeus que chegaram em elevado número na sequência das prisões encetadas aquando do pogrom de novembro, vulgarmente designado de Noite de Cristal. Quando a guerra começou, o campo tinha 4000 prisioneiros. Este foi o campo modelo na fase inicial do processo concentracionário, dentro e fora da Alemanha, e o que funcionou durante mais tempo: entre 22 de mar.o de 1933, data da chegada do primeiro grupo de cerca de uma centena de comunistas de Munique, acompanhados de 54 guardas, e a data da sua libertação pelos Aliados, a 29 de abril de 1945. Os soldados da 42.ª e da 45.ª Divisão de Infantaria do 7.º Exército dos EUA encontraram cerca de 32 000 internados oriundos de 30 países europeus. Por razões de subnutrição e de doenças, muitos ainda morreram depois da libertação.

Campo de Concentração de Buchenwald

Buchenwald, nome que significa “floresta de faias ou faial”, foi um KL masculino construído a partir de 1937, a 8 km da cidade de Weimar, na Turíngia. N.o foi certamente por acaso, ou por razões económicas, que esta cidade foi escolhida para instalar um campo novo. Havia uma relação fortíssima entre o nacional-socialismo, Hitler e a cidade de Weimar que, com este ato, como que pretendeu nazificar definitivamente. Foi na colina de Ettersberg, local de passeio e recreio dos habitantes e onde se encontrava um carvalho de grande porte e significado para o escritor símbolo da cultura alemã — Johann Wolfgang von Goethe —, que o campo viria a ser instalado, com a imponente árvore no centro. Tal como os milhares de prisioneiros que por ali passaram, sofreram e morreram, também ela estava internada. E não sobreviveu. Ardeu em agosto de 1944 e, posteriormente, o seu tronco foi cortado. A fixação do campo neste espaço tem também, naturalmente, um forte simbolismo e constitui uma mensagem clara acerca do desprezo que o nacional-socialismo tinha para com a cultura alemã, reconhecida pela Europa. Era como se o Reichsführer da Schutzstaffel (o comandante militar supremo da SS), Heinrich Himmler, e o ainda SS-Gruppenführer, o inspetor dos campos, Theodor Eicke, que tomaram a decisão de criar Buchenwald naquele local, continuassem com a queima dos livros, tal como a da noite de 10 de maio de 1933 em Bebelplatz, profanando a cultura alemã. A partir de julho de 1937, foi então construído este novo campo de concentração. Um dos mais violentos. Foi projectado para receber em permanência 6000 presos, mas podia ser ampliado em função das necessidades de espaço. O portão recebia quem ali entrava com a mensagem de .boas-vindas.: “Jedem Das Seine” (“A cada um o que lhe é devido”). Caso único no sistema concentracionário e muito distinto da mais vulgar:”Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”). A 15 de julho de 1937, chegaram os primeiros presos, transferidos de três campos mais antigos, entretanto encerrados. Pouco depois, recebeu 500 “criminosos profissionais”. No início de setembro, o campo contava já 2400 internados. Os detidos nas rusgas na Alemanha e Áustria, em 1938, foram ali internados em grande n.mero. No final daquele ano eram 11 000, controlados por 500 kapos. Antes mesmo do início da guerra, o campo cresceu rapidamente, se excetuarmos o momento da libertação dos judeus do pogrom de novembro de 1938, a quem os bens foram confiscados. Entre janeiro de 1938 e a invasão da Polónia, em setembro de 1939, Buchenwald era o campo mais mortífero, devido também aos surtos de epidemias, como o de febre tifóide nos finais de 1938 (Wachsmann, 2015, pp. 106-9, 133, 154, 158 e 180). Às doenças somavam-se a sede, a fome, a falta de higiene e de cuidados médicos, os maus-tratos e brutalidades, os homicídios, as “experiências médicas” e o trabalho escravo. Situações que de uma forma ou de outra são comuns a todos os outros campos. Em outubro de 1939, havia em Buchenwald 12 775 prisioneiros, um número que iria decrescer nos anos seguintes, sendo apenas ultrapassado na primavera de 1943. Ocupando mais de 100 hectares ainda em 1937, Buchenwald chegou a ter 91 subcampos no outono de 1944, o que fez dele um dos maiores complexos da rede concentracionária no interior das fronteiras da Alemanha. Estima-se que tenham passado por Buchenwald mais de 250 000 prisioneiros e que cerca de 56 000 tenham ali perecido. As causas de morte foram múltiplas, destacando-se o facto de o campo ter servido de verdadeiro laboratório da indústria farmacêutica.. Segundo, entre outros, Ernst Klee, especialista no estudo dos crimes médicos dos nazis, em Buchenwald e noutros campos, usaram-se cobaias humanas para todo o tipo de experiências sádicas. A libertação do campo pelas tropas do 3.º Exército dos Estados Unidos, comandado pelo general George S. Patton, ocorreu no dia 11 de abril de 1945.

Camp de Concentration de Mauthausen

Le Camp de Concentration de Mauthausen se situe en Autriche, sur une colline près de la ville dont il a pris le nom, sur la rive gauche du second le plus grand fleuve d’Europe, le Danube. Le camp se trouve à environ 20km à l’est de la grande ville industrielle de Linz, et à proximité de celle de Steyr, également importante dans l’effort de guerre allemand, et liée de façon indélébile à la vie d’Adolf Hitler. La construction du camp commence, formellement, le 8 août 1938, après l’Anschluss (l’annexion de l’Autriche par l’Allemagne nazie, le 12 mars 1938). Les premiers travaux sont effectués par un groupe de prisonniers transférés du camp de concentration de Dachau, dit « camp-modèle », ouvert en 1933 par les nazis, près de la ville de Munich. Oswald Pohl, officier de la SS, fut chargé de l’installation d’un nouveau camp moderne, comme aimaient le souligner ses supérieurs, Heinrich Himmler et Theodor Eicke. La construction du camp de Mauthausen suit la même stratégique d’implantation que celle de Flossenbürg (ouvert en mai 1938) ou de Ravensbrück (ouvert en 1939). L'objectif principal de Mauthausen est d’exploiter les trois carrières de granit, qui se situent aux alentours du camp, en utilisant le travail esclave de prisonniers. Ces carrières avaient été acquises au préalable par une entreprise de la SS. La solution adoptée pour augmenter le nombre de travailleurs esclaves à Mauthausen, et dans les nouveaux sous-camps créés entretemps, est le recours à des rafles constantes, amenant l’arrestation, la déportation et l’incarcération de milliers de personnes. A partir de fin 1942, quand le IIIe Reich doit intensifier son effort de guerre, Mauthausen et ses sous-camps sont mobilisés pour l’industrie d’armement. Au début de son installation comme camp-carrière, beaucoup de prisonniers, arrêtés pour toutes sortes de motifs, sont transférés de Buchenwald. Mauthausen devient, avec celui de Flossenbürg, le principal camp d’accueil de toutes sortes de « criminels », catégorie qui englobe une myriade de profils différents. Au sein du système concentrationnaire et répressif du III Reich, Mauthausen est considéré comme le paradigme par excellence du travail esclave. Sa population est constituée presque exclusivement d’hommes, d’autant plus que Ravensbrück devient, dès le début de la mise en place de Mauthausen, un camp de concentration pour femmes. Environ 3000 femmes ont été enregistrées officiellement au camp de Mauthausen entre 1944 et 1945, mais leur nombre réel est certainement bien plus élevé, il peut atteindre les 10 000 déportées. Selon certains auteurs, en juillet 1940, le camp de Mauthausen emploie presque 3600 prisonniers et il est considéré comme le plus « mortel » des camps de concentration. Au début 1941, il devient le camp de concentration qui, à l’intérieur du Grand Reich, concentre le plus grand nombre de prisonniers. Ceci est dû au fait que l’on avait construit, dans l’enceinte du camp, une zone spéciale pour des prisonniers de guerre de l’Est, utilisés comme travailleurs forcés. Depuis da création du camp, en 1938, jusqu’à la libération par les troupes alliées, en 1945, on estime que plus de 190.000 personnes ont été internées au camp de Mauthausen, dont plus de 90.000 y sont décédées. Toutefois, leur nombre exact, comme pour tous les autres camps, ne sera jamais connu*. A la fin de 1943, Mauthausen et ses sous-camps comptent plus de 24.000 prisonniers, chiffre qui monte jusqu’à 30.000 en février 1944. Un an plus tard, en février 1945, 80.000 prisonniers sont toujours incarcérés dans l’ensemble des camps qui composent le complexe concentrationnaire de Mauthausen, chiffre qui ne cessera d’augmenter au fur et au mesure que d’autres camps, situés à l’Est du Reich, sont abandonnés devant l’avancée de l’armée soviétique, et que leurs prisonniers sont transférés vers l’Ouest, à Mauthausen. Lorsque les derniers gardes de la SS abandonnent Mauthausen, lors des derniers jours de la guerre, au début du mois de mai 1945, environ 38.000 prisonniers sont encore internés dans les deux camps de Mauthausen et de Gusen. Pour une idée plus précise du taux de mortalité à Gusen, très élevé entre 1940 et 1943, il faut savoir qu’aucun des cinq Portugais déportés dans ce camp satellite n’a survécu, de même qu’aucun prisonnier juif. Ceci nous aide à comprendre la difficulté de reconstituer les événements survenus à l’intérieur du système concentrationnaire de Mauthausen et à avoir des chiffres fiables. Dans les camps, les prisonniers de toutes nationalités, origines et croyances, sont victimes de maladies, de maltraitance, de famine, de meurtres, de gazages, et même d’expériences médicales. Beaucoup de déportés essaient de s’enfuir ou se suicident. A Mauthausen, ils sont en outre victimes du travail forcé exténuant dans la principale carrière de granit, annexe au camp, et qui lui est reliée par un escalier long et abrupt de 186 marches, anormalement hautes, et qui est resté tristement connu comme l”Escalier de la Mort” (Todesstiege). Les prisonniers sont contraints de le monter plusieurs fois par jour, en groupes compacts de centaines d’hommes, en transportant sur leurs dos des blocs de granit de plus de 50 kg. Beaucoup tombent et meurent écrasés par les pierres ou sont sadiquement poussés dans le précipice de la carrière par les gardes de la SS, lorsqu’ils ont terminé, exténués, la montée de l’escalier. “L’Escalier de la Mort” est devenu, ainsi, un symbole indélébile de l’Histoire de Mauthausen et du travail esclave promu en masse par le III° Reich. Le contingent d’Espagnols, internés dès le début de la II° Guerre Mondiale, et d’Italiens, à la fin du conflit, est particulièrement élevé dans le système concentrationnaire de Mauthausen. Celui-ci intègre environ 40 sous-camps (dont le nombre a varié au long de la guerre), qui s’articulent directement avec le camp principal. Selon certains auteurs, la forte présence d’Espagnols et d’Italiens fait de Mauthausen le camp “Latino” du système concentrationnaire nazi. Pendant la Seconde Guerre mondiale, les nazis déportent à Mauthausen, entre autres nationalités, environ 7 000 républicains espagnols, dont plus de la moitié n’a pas survécu. Après la libération de Mauthausen, le message en espagnol, en plus du russe et de l’anglais, écrit en grandes lettres sur un drap blanc, placé à l’entrée du camp par les prisonniers récemment libérés, est une preuve de l’importance numérique des prisonniers espagnols, particulièrement nombreux dans le camp et actifs dans sa résistance interne. Ce message est immortalisé par une photographie, prise probablement le 7 mai 1945, devenue le symbole de la libération de Mauthausen, et qui reconstitue l’arrivée des soldats américains dans le camp.  Mauthausen est l’un des camps du système concentrationnaire nazi localisés le plus au sud du territoire allemand. C’est certainement du fait de sa position géographique, et compte tenu de la stratégie militaire de “tenaille” utilisée sur le terrain par les Alliés, qu’il est le dernier camp de concentration à être libéré, au même moment que quelques-uns de ses camps-satellites.

* Nous suivons pour l’ensemble des camps, les chiffres proposés par Waschmann

Camp de Concentration de Dachau

Dachau a été le premier camp de concentration (KL) construit par les nazis, à 15km de la ville de Munich, dans une usine de munitions désaffectée. L’initiative et le projet de construire un camp pour enfermer les opposants politiques sont dus au chef de la police de Munich de l’époque, Heinrich Himmler, et à Theodor Eicke. Peu à peu d’autres groupes y sont également internés: témoins de Jéhovah, membres de l’Eglise catholique, gitans, intellectuels, homosexuels, auteurs de crimes civils et autres “anti-sociaux”, outre des juifs y sont déportés en grand nombre à l’occasion des arrestations lors du pogrom de novembre, vulgairement désigné comme la « Nuit de Cristal ». Lorsque la guerre commence, le camp comptait 4.000 prisonniers. Dans la phase initiale du processus concentrationnaire, Dachau est conçu comme « camp-modèle » tant en Allemagne qu’à l’étranger. Dachau est aussi le camp qui est resté en activité le plus longtemps, depuis le 22 mars 1933 (date de l’arrivé du premier groupe, composé d’une centaine de communistes de Munich, accompagnés de 54 gardes), jusqu’à la date de sa libération par les Alliés, le 29 avril 1945. En arrivant au camp, les soldats de la 42eme et de la 45eme Divisions de l'Infanterie de la 7eme Armée des EUA, y trouvent environ 32 000 prisonniers originaires de 30 pays européens. Pour cause de malnutrition et de maladies, beaucoup décèdent même avant leur libération.

Camp de Concentration de Buchenwald

Buchenwald, un nom qui signifie “forêt de hêtres”, a été un KL pour hommes construit à partir de 1937, à 8km de la ville de Weimar, en Thuringe. Ce n’est certainement pas ni un hasard, ni pour des raisons économiques, que cette ville est choisie pour y installer un nouveau camp. Il y avait une très forte relation entre le national-socialisme, la ville de Weimar et Hitler, qui, avec cette décision, voulait nazifier définitivement le pays. C’est sur la colline d’Ettersberg, que le camp est installé. C’était auparavant un lieu de promenade et de loisirs pour les habitants de Weimar et on y trouvait un énorme chêne, que Johann Wolfgang von Goethe, l’écrivain symbole de la culture allemande, chérissait particulièrement. Lorsque le camp est installé à Etterseberg, l’imposant arbre est conservé, figurant au centre de l’espace concentrationnaire. À l’image des milliers de prisonniers qui passent par le camp, qui y souffrent et y décèdent, l’arbre, lui aussi, est emprisonné et ne survivra pas. En août 1944, il a pris feu et plus tard son tronc fut coupé. L’installation du camp à une tel endroit a, naturellement, un fort poids symbolique et constitue un message clair du mépris que le national-socialisme avait pour la culture classique allemande, reconnue dans toute l’Europe. On peut percevoir dans la décision de Heinrich Himmler, le commandant militaire suprême de la SS (Reichsführer de la Schutzstaffel), et de Theodor Eicke, inspecteur des camps (SS-Gruppenführer), de construire le camp de Buchenwald sur la colline symbolique, la continuité de la nuit du 10 mai 1933, à Bebelplatz, pendant laquelle des ouvrages classiques sont brulés, en profanation de la culture allemande. A partir de juillet 1937, le nouveau camp de concentration de Buchenwald devient l’un des plus violents du système concentrationnaire nazi. Il est conçu pour recevoir en permanence 6.000 prisonniers, mais sa surface peut être agrandie en fonction des besoins. Le portail d’entrée du camp de Buchenwald accueille les nouveaux arrivants avec le message de bienvenue : “Jedem Das Seine” (“A chacun son dû »). C’est un cas unique dans le système concentrationnaire et très distinct du message plus courant : “Arbeit macht frei” (“Le travail rend libre”). Les premiers prisonniers arrivent le 15 juillet 1937, transférés de trois camps plus anciens, qui ont fermé entretemps. Peu de temps après, Buchenwald reçoit 500 “criminels professionnels”. Début septembre il y avait déjà 2.400 prisonniers. Les détenus, raflés en Allemagne et en Autriche, en 1938, sont envoyés en grand nombre à Buchenwald. A la fin de l’année, le nombre d’internés s’élève déjà à 11.000, contrôlés par 500 kapos.  Avant même le début de la Seconde Guerre mondiale, le camp s’agrandit rapidement, malgré la libération des juifs arrêtés lors du pogrom de novembre 138 et dont les biens ont été confisqués. Entre janvier 1938 et l’invasion de la Pologne, en septembre 1939, Buchenwald est le camp qui a le plus fort taux de mortalité, du fait d’épidémies, notamment la typhoïde, qui se développe à la fin 1938 (Wachsmann, 2015, pp. 106-9, 133, 154, 158 et 180). Aux maladies s’ajoutent la soif, la faim, le manque d’hygiène et de soins médicaux, la maltraitance et les brutalités, les meurtres, les “expériences médicales” et le travail esclave. Toutes ces horreurs sont, d’une façon ou d’une autre, communes à l’ensemble des camps du système concentrationnaire nazi. En octobre 1939, 12.775 prisonniers étaient internés à Buchenwald, un chiffre qui diminue les années suivantes et qui n’est à nouveau dépassé qu’au printemps 1943. Si en 1937, le camp occupe une surface de plus de 100 hectares, à l’automne 1944, le système concentrationnaire de Buchenwald regroupe jusqu’à 91 sous-camps, ce qui fait de lui l’un des plus grands complexes concentrationnaires à l’intérieur des frontières allemandes. On estime que plus de 250.000 prisonniers sont passés par Buchenwald et que environ 56.000 y sont décédés. Les causes des décès sont multiples, cependant on ne peut pas oublier que le camp a servi de véritable laboratoire pour l’industrie pharmaceutique. Selon Ernst Klee, entre autres, spécialiste de l’étude des crimes médicaux des nazis, à Buchenwald et dans d’autres camps des cobayes humains ont été utilisés pour tous types d’expériences sadiques. Le 11 avril 1945, les troupes de la 3eme Armée des Etats Unis, commandée par le général George S. Patton, libèrent le camp.