Inácio Augusto Gomes Anta nasceu a 5 de Abril de 1906 na freguesia de Santa Maria de Bragança, concelho de Bragança, filho do espanhol Nicomedes de Afonso Anta, agenciador, e da portuguesa, Catarina dos Santos Gomes. Inácio alistou-se como voluntário no corpo de alunos da Escola Militar, sendo incorporado em Novembro de 1925. Serviu de modo intermitente durante mais de 9 anos, até Outubro de 1935, sendo promovido a Alferes Miliciano em 15 de Dezembro de 1936. Em Julho de 1937 foi autorizado a ausentar-se para França e Suíça por um período de 180 dias, altura em que, provavelmente, se juntou ao exército republicano espanhol que lutava contra as hostes nacionalistas de Francisco Franco. Por não se ter apresentado ao serviço finda a licença, foi considerado como desertor. No Exército Republicano espanhol ascendeu à patente de capitão de artilharia, tendo dirigido operações na Andaluzia e na Catalunha. No final de 1938, foi promovido a major no âmbito dos preparativos para do plano “Lusitânia”, uma operação da resistência portuguesa apoiada pelo governo republicano espanhol. No final de Janeiro de 1939, depois da queda de Barcelona e do avanço das tropas franquistas, refugia-se em França. Foi internado no campo de refugiados espanhóis de Argelès-sur-mer. Desconhecem-se as circunstâncias que envolveram a sua saída do campo, mas a documentação do Arquivo das Vitimas dos Conflitos Contemporâneos coloca-o em Talence a 4 de Dezembro de 1941, altura em que terá sido preso pela polícia alemã no domicílio. Internado no forte do Hâ, foi depois deportado para o campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, no comboio que partiu de Compiègne a 24 de Janeiro de 1943 transportando 1557 homens e 230 mulheres. Já no campo, o luso-espanhol foi recrutado pelos alemães para integrar a Divisão de Matemática do Instituto de Investigação Aplicada às Ciências Militares. A sua esposa, Coloma Serós, nascida a 9 de Julho de 1914 em Lérida, foi também deportada para a Alemanha. Era chefe do grupo de mulheres espanholas em Talence, onde albergava resistentes, transportava equipamento, sendo ainda responsável por diversas sabotagens. Foi presa e internada no Forte do Hâ, em Bordéus (6 de Janeiro a 10 de Maio de 1942) e depois no Forte de Romainville ( 11 de Maio a 15 de Outubro). Transferida para Compiègne, onde permanece entre de 16 de Outubro e 21 de Dezembro de 1942, foi deportada para a Alemanha a 31 de Janeiro de 1944, no famoso “Transporte dos 27 000”. Esteve internada nos campos de concentração de Ravensbrück (de 1 de Janeiro de 1943 a 1 de Janeiro de 1944) e em Bergen-Belsen (de 2 de Janeiro de 1944 a 14 de Maio de 1945). Foi libertada a 15 de Maio de 1945 pelos ingleses e repatriada. Inácio Anta não teve, no entanto, a sorte da esposa, não sobrevivendo à deportação. Alguns documentos referem que morreu em Fevereiro de 1945, provavelmente vítima de tuberculose, cerca de dois meses antes da libertação do campo pelos soviéticos, que ocorreu a 22 de Abril. Segundo outra documentação teria falecido em Lublin em Abril de 1945, parece no entanto pouco provável que Anta tenha sido transferido para a Polónia numa altura em que já estava doente em Sachsenhausen.
Inácio Augusto Gomes Anta est né le 5 avril 1906 dans la paroisse de Santa Maria de Bragança, municipalité de Bragança. Il est né au sein d’une famille luso-espagnole, son père est Nicomedes de Afonso Anta, et sa mère, Catarina dos Santos Gomes. Inácio Anta s’inscrit à l’École Militaire, et il est incorporé en novembre 1925. Il sert de façon intermittente pendant plus de 9 ans, jusqu’en octobre 1935. Il est promu sous-lieutenant le 15 décembre 1936. En juillet 1937, il demande un congé de l’armée, qui lui est accordé pour une période de 6 mois. Il est autorisé à voyager en France et en Suisse. C’est à cette époque qu’il a, probablement, rejoint l’armée républicaine espagnole qui luttait contre les nationalistes de Francisco Franco. A la fin de la permission, Inácio Anta ne réintègre pas son régiment dans l’armée portugaise, et il est porté déserteur. Dans l’armée républicaine espagnole, il est promu au poste de capitaine d’artillerie et il commande des opérations en Andalousie et en Catalogne. A la fin de 1938, il est promu major dans le cadre des préparatifs de l’opération “Lusitânia”, le projet de débarquement de la résistance portugaise soutenu par le gouvernement républicain espagnol. Après la chute de Barcelone et de l’avancée des troupes franquistes, il se réfugie en France et est interné dans le camp d'Argelès-sur-Mer. On ignore les circonstances de sa sortie du camp, mais son dossier aux Archives des victimes des conflits contemporains indique qu’il est à Talence le 4 décembre 1941, date à laquelle il est arrêté par la police allemande à son domicile bordelais. Il est incarcéré au Fort de Hâ, puis il est déporté au camp de concentration de Sachsenhausen, en Allemagne, dans le train qui part de Compiègne le 24 janvier 1943 et qui transportait 1557 hommes et 230 femmes. Dans le camp, le luso-espagnol est recruté par les Allemands pour intégrer la Division de Mathématique de l’Institut d’Investigation Appliquée aux Sciences Militaires. Son épouse, Coloma Serós, née le 9 juillet 1914 à Lérida, est elle aussi, déportée en Allemagne. Chef d’un groupe de femmes espagnoles à Talence, elle cachait des résistants, transportait du matériel, et a été responsable de plusieurs sabotages. Arrêtée, elle est internée au Fort du Hâ, à Bordeaux, du 6 janvier au 10 mai 1942, puis au fort de Romainville, du 11 mai au 15 octobre. Elle est transférée à Compiègne où elle reste du 16 octobre au 21 décembre 1942, avant d’être déportée en Allemagne, le 31 janvier 1944, dans le fameux “Transport des 27.000”. Elle passe par les camps de concentration de Ravensbrück (du 1 janvier 1943 au 1 janvier 1944) et de Bergen-Belsen (du 2 janvier 1944 au 14 mai 1945). Elle est libérée le 15 mai 1945 par les Anglais et rapatriée en France. Inácio Anta n’a pas eu la chance de son épouse, car il décède en déportation. La date et le lieu de sa mort divergent selon les sources; certains documents placent le décès à Sachsenhausen, en février 1945, dont la cause serait probablement la tuberculose. Selon d’autres documents le décès aurait eu lieu à Lublin, en avril 1945. Toutefois, il semble peu probable que Inácio Anta ait été transféré en Pologne à un moment où il était déjà malade.