José de Abreu

José de Abreu nasceu em Infantas, no concelho de Guimarães, a 15 de fevereiro de 1920, filho de filho de António e de Maria da Conceição. A família emigrou para França quando José era ainda muito pequeno. No início da II Guerra Mundial, reside em Villeurbanne, e trabalha como operário especializado. Ingressou na Resistência logo após a ocupação alemã; começou por distribuir propaganda e jornais clandestinos, e em Junho de 1941 entrou no movimento Libération. Adoptou como pseudónimo para as acções na Resistência o nome de Jean Messonnier, e apresentava-se como padeiro. Foi no âmbito do movimento Libération que foram organizados os primeiros Grupos Francos da região lionesa, e José de Abreu tornou-se num dos seus operacionais. Ascendeu a chefe de grupo, e enveredou pela acção directa, colaborando em acções de sabotagem e de libertação de patriotas detidos pelos alemães. Foi citado duas vezes em Londres, junto do Governo da França Livre, nomeadamente pela sabotagem no Creusot, em novembro de 1943, das vias de comunicação e cabos eléctricos. Foi um dos operacionais do grupo que preparou a evasão da prisão de Montluc de Raymond Aubrac, um dos mais importantes chefes da Resistência na zona sul, durante a sua transferência para outro estabelecimento prisional. O ataque à viatura celular ocorreu em plena cidade de Lião, a 22 de outubro de 1943, e permitiu a libertação de 14 resistentes. José de Abreu foi preso em Lião no regresso de uma missão, a 24 de Dezembro de 1943, no decorrer de uma acção de controle de identidade executada pela Gestapo conjuntamente com a Milícia. Julgado pela Secção Especial do Tribunal de Relação de Lião, a 22 de Maio de 1944, foi condenado a três anos de prisão por "falsa identidade com objectivos terroristas". Quando os alemães começaram a esvaziar as prisões e os campos de internamento franceses após o Desembarque dos Aliados na Normandia, José de Abreu foi deportado para Dachau, a 29 de junho de 1944, conjuntamente com os demais detidos da prisão de St. Paul. Pouco tempo após a sua chegada ao campo de concentração, foi transferido para Leitmeritz, na Checoslováquia, e internado no bloco 5 A. José de Abreu foi colocado num comando de trabalho que comportava poucos franceses, e afectado ao trabalho nas galerias subterrâneas, extremamente húmidas, onde os alemães pretendiam construir uma fábrica. O quotidiano pautava-se pelo trabalho exaustivo, os maus tratos e as doenças. Em janeiro de 1945, durante a distribuição da sopa, José de Abreu deixou cair a panela e, ao abaixar-se, um guarda desferiu-lhe um violento golpe, que lhe deixou uma ferida exposta na mão direita e a fractura do auricular. As doenças moldaram-lhe o quotidiano: contraiu uma broncopneumonia, tifo e uma adenopatia inguinal. A subnutrição e as doenças provocaram uma importante perda de peso. Apesar do estado de fraqueza em que se encontrava, José de Abreu teve ainda força para sobreviver à evacuação do campo e às marchas da morte. A libertação pelos Aliados, a 27 de maio de 1945, salvou-o de uma morte certa. José de Abreu foi condecorado com a Legião de Honra e a Cruz de Guerra em 3 de Maio de 1946 pelos serviços prestados na Resistência. No entanto, as sequelas físicas da deportação impediram o retomar do curso normal da vida. A fractura deixou-lhe uma deformação óssea e reumatismo nos braços e nas pernas, com dores constantes de cabeça, perda de memória e uma extensa lista de efeitos nefastos para ele e para a família, fruto de uma militância sem a qual a Europa não se teria sido libertada do nazismo.

José de Abreu est né le 15 février 1920, à Infantas, dans la municipalité de Guimarães. Il était fils d’António et de Maria da Conceição. La famille émigre en France quand José est encore très jeune. Au début de la Seconde Guerre mondiale, il habite à Villeurbanne et travaille en tant qu’ouvrier spécialisé. Il s’engage dans la Résistance dès les débuts de l’occupation allemande. Il commence par distribuer de la propagande et des journaux clandestins, et, en juin 1941, il rejoint le mouvement Libération. Il prend le nom de Jean Messonnier, et se fait passer pour boulanger. C’est dans le cadre du mouvement Libération que sont organisés les premiers Groupes Francs de la région Lyonnaise. Devenu chef de groupe, José de Abreu s’engage dans l’action directe, participant aux actions de sabotage et d’évasion de patriotes détenus par les Allemands. À deux reprises, son nom est cité à Londres, auprès du gouvernement de la France Libre, notamment pour le sabotage au Creusot, en novembre 1943, de voies de communication et de câbles électriques. Il est l’un des éléments du commando qui fait évader Raymond Aubrac, l’un des plus importants chefs de la Résistance de la zone sud, pendant son transfert de la prison de Montluc vers un autre établissement. L’attaque de la voiture cellulaire, exécutée en pleine ville de Lyon, le 22 octobre 1943, a permis de libérer 14 résistants, dont Raymond Aubrac. José de Abreu finit par être arrêté à Lyon au retour d’une mission, le 24 décembre 1943, lors d'un contrôle d’identité, organisé conjointement par la Gestapo et la Milice. Jugé par la Section Spéciale du tribunal de Lyon, le 22 mai 1944, il est condamné à 3 ans de prison pour “fausse identité et menées terroristes”. Lorsque, après le débarquement des troupes Alliées en Normandie, les Allemands commencent à évacuer les prisons et les camps d’internement français, José de Abreu est déporté à Dachau avec les autres détenus de la prison de St. Paul. Le départ a lieu le 29 juin 1944. Peu de temps après son arrivé à Dachau, il est transféré à Leimeritz, en Tchécoslovaquie, et interné dans le bloc 5A. ll y a peu de français dans ce kommando où il est affecté au travail dans les galeries souterraines, extrêmement humides, où les Allemands veulent construire une usine. Le quotidien y est rythmé par un travail exténuant, la maltraitance et les maladies. En janvier 1945, pendant la distribution de la soupe, José de Abreu fait tomber sa gamelle et lorsqu’il se baisse pour la rattraper, un garde lui donne un violent coup qui lui laisse une blessure ouverte à la main droite et une fracture de l’auriculaire. Les maladies se succèdent : il contracte une bronchopneumonie, le typhus et une adénopathie inguinale. La sous-nutrition et les maladies provoquent une importante perte de poids, mais malgré son état de faiblesse extrême, José de Abreu parvient à survivre à l’évacuation du camp et aux marches de la mort. Il est au bout de ses forces, lorsqu’il est libéré par les Alliés, le 27 mai 1945. José de Abreu est décoré de la Légion d’Honneur et de la Croix de Guerre, le 3 mai 1946, pour services rendus dans la Résistance. Cependant les séquelles physiques de la déportation l’empêchent de reprendre une vie normale.Il souffre d’une déformation osseuse, de rhumatisme aux bras et aux jambes, des maux de tête…